D. Leonor, Rainha Maravilhosamente
Escolha o livro clicando no menu em cima
D. Leonor, Rainha Maravilhosamente (1968)
Meus Senhores,
(por uma vez) tenho tanta coisa a dizer que estou com medo de ficar gago, e de semelhantes gagos está o Inferno cheio. Evidentemente, o Inferno seria a última coisa a assustar a maravilhosa D. Leonor de Alice Sampaio e a Alice Sampaio de D. Leonor. (...) Quem souber ler-ver o que aqui chamo "teatro", terá com D. Leonor, Rainha Maravilhosamente, a vertigem, coisa a meu ver muito boa, logo muito rara, e não só dentro da dramaturgia portuguesa.
Jorge Listopad in Prefácio
Epígrafes:
...dos quais dizia que nunca estaria vingada até que tivesse um tonel cheio das línguas deles.
Bem sabeis como aquela mulher é sages em muito mal e sabedora de grandes artes.
Fernão Lopes
Excerto:
Primeiro Acto
Cena I
Palácio da Idade Média. Noite. Mulheres vestidas de negro sentadas ao redor de uma fogueira. Movem as mãos descarnadas à transparência da chama:
Mulher : Malvados.
Mulher : Fidalgos.
Mulher : Burgueses.
Mulher : Desvairadas gentes vindas dos quatro cantos do Mundo. O Tejo a maior barcaria. Barcaria a entrar, barcaria a sair do Tejo. Ó, altos mares!
Mulher : Ó, amásias de fidalgaria. Ó, alma minha.
Mulher : Amásias de burguesia. Ih, o que aí vai ! Biscainhos, prazentins, lombardos, catalães, milaneses. O diabo! Negócios por grosso, negócios por miúdo, carregações de vinho e sal, carregações, mundos e fundos.
(...)