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O Aquário

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O Aquário (1963)

Prémio revelação da Sociedade Portuguesa de Escritores (SPE), 1963

Badana:

 

Sobre o tema da angústia de viver, Alice Sampaio conseguiu escrever um livro profundamente original, graças a um deslocamento poderoso através do tempo e do espaço, que lhe permite despojar o problema do destino humano dos seus aspetos secundários ou contingentes, para chegar logo ao centro do assunto.  (...)

Com uma arte sugestiva, coloridíssima, a raiar pelo visionário, a autora constrói um mundo de paisagens e seres inconcebíveis, cheio de cidades minerais e vidas subterrâneas, palpitantes, evocado numa espécie de poema do estranho, profundamente perturbante. (...)

Epígrafe:

Sans le Mouvement, tout serait une seule et même chose.

 

Balzac

Excerto:

A lente, monstruoso olho avermelhado, deixava filtrar um ténue raio de luz, luz que emergindo do foco se ia rasgar em milhares de dedos enroscados nos cabelos claros-sombrios da rapariga. Esta, adormecida, rosto atento e concentrado, o corpo em solitário abandono, a sugerirem a vertigem dum sono inquieto – era uma delicada e extravagante “manchette".

O quadro desencadeava-se em contido turbilhão. Voltando-se na cama, Maga estendeu uma perna e teve um lento e suave sorriso. Nesse instante entrou no compartimento um ser quase-monstro-quase-humano, dum verde quitinoso, rebrilhando como metal polido, a cabeça um esferoide onde aparecem e desaparecem fendas luminosas, todo um anárquico conjunto de traços e orifícios abrindo-se e fechando-se para o mundo envolvente: um rasgar que mais parece uma mirada e que logo é um sistema de perpendiculares, um sulco luminoso a semelhar pálido riso e que imediatamente se apaga, fina e ardente poalha em volta dos traços - talvez concisa e matemática pergunta-resposta...

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